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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Síntese - Planetas sem boca: escritos efêmeros sobre arte, cultura e literatura

 ACHUGAR, Hugo. Planetas sem boca: escritos efêmeros sobre arte, cultura e literatura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006. p.9-26.

No primeiro capítulo do livro de Achugar (2006), cujo título é “Espaços incertos, efêmeros – Reflexões de um planeta sem boca”, o autor começa com uma epígrafe de Eneida Maria de Souza falando sobre a condição fronteiriça do intelectual, o que confirma a indeterminação dos saberes, considerando a implicação da permuta e viagens por espaços incertos e, muitas vezes, efêmeros.
Achugar no discurso do texto faz uma afirmação interessante que leva-nos, estudantes de graduação e pós-graduação a pensar sobre o ensino, dizendo que é impossível haver leitura, ensino verdadeiro, ou seja, a permutação dos espaços e tempos percebe-se a mudança no ensino. Outrora o que era antes, hoje, porém, não é ou foi modificado.
Um ponto relevante no texto está na não aceitação do padrão de arte, cultura e literatura. Os modelos eurocêntricos devem ser questionados, aceitos e respeitados. A valorização do local. É nesse ponto que Hugo Achugar deseja que façamos debates e aprimorarmos o nosso caráter consciente nessas discussões num padrão intelectual.
A afirmação do local e o confronto com o padrão que se coloca como verdadeiro está no fato dos territórios serem incertos, territórios estes culturais, intelectual e artístico.
Achugar nos mostra e faz uma crítica sobre as teorias elencadas nos últimos tempos, muitas delas realizadas somente em função do marketing publicitário, ou seja, as mídias impõe e os críticos, pesquisadores e estudiosos desejam entender o movimento devido a tal aceitação social imposta pelas mídias. Como por exemplo, consumismo, tradição, família, propriedade, conservadorismo.
No texto, o autor refere-se a dois movimentos que são considerados importantes para entendermos o processo de movimentação social na América Latina e o modo como a sociedade reage e se comporta quando o poder comunicativo da massa deseja impor a um povo que aja de tal forma visando objetivos amplamente ideológicos.
O primeiro movimento refere-se à saúde pública e ao acontecimento político e midiático. Na saúde cita o caso da poliomielite, onde no Uruguai milhares de pessoas morreram por causa da doença deixando a população reclusa em suas casas e vendo sempre no “Outro” a possibilidade de culpa e de transmissão da doença e consequentemente a morte. Na política temos as indústrias. Uma sociedade estagnada no crescimento industrial e, no entanto a burguesia mostrando um país em pleno desenvolvimento.
Um ponto chave do autor é o uso da metáfora. Ele usa a poliomielite como figura de linguagem para mostrar a exclusão dos povos latino-americanos na visão do “outro”.
O segundo movimento, mostrado por Achugar, é o quadro (imagem) de Juan Boris Gurewitsch. Mostrando uma sociedade industrial (Uruguai), em pleno crescimento, moderna, produtiva e altamente rica. Aqui, novamente ele usa a metáfora para mostrar, na realidade, um povo opressivo, contaminado, ou seja, pobre. A temática do quadro tem um valor de produção para a realidade de primeiro mundo, no entanto, a realidade local não é nada igual ao quadro, é um país sem indústrias, sem desenvolvimento.
O que realmente Achugar deseja mostrar através das duas metáforas é a produção de valor a partir da periferia, um lugar de enunciação, concreto, verdadeiro, teórico, desejado.
E ao final do texto, percebe-se a necessidade, nos “planetas sem boca” a construção da intelectualidade a partir dos pensadores da periferia/imagem na América Latina.



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