Uma comunidade indígena pode ser "impactada" pelas tecnologias?
Fábio Correia de Rezende - Professor na educação básica, formado em Letras e Licenciatura em Computação, Mestre em Ciência da Computação
As tecnologias, hoje, em qualquer
parte do “mundo”, invadiram nossas casas, vidas, escolas, igrejas, universidade
entre outros. Elas fazem parte de nossas vidas numa proporção diária, a qual já
nos tornamos dependentes em muitas situações, como por exemplo, enviar e
receber mensagens eletrônicas de modo sincrônico e diacrônico cujo objetivo é
estabelecer uma comunicação rápida. Dessa maneira, os índios também foram
atraídos por essas “encantarias” dos aparatos tecnológicos tanto dentro de suas
comunidades quanto numa perspectiva urbana, rompendo fronteiras a qual o índio
é visto pelos não-branco como sujeitos meramente inferiores e não
participativos e utilitários desse nicho tecnológico.
Assim,
hoje, pode-se observar numa aldeia a utilização de telefone celular, TV’s,
smartophone, Iphone, laptops, desktop, câmeras digitais, filmadoras, DVD’s,
Home theater, entre outros. Desse modo, as comunidades indígenas passaram a
fazer parte das estáticas dos grupos de famílias a qual utilizam a internet,
diariamente, por exemplo. Nessa perspectiva, pode-se perceber a presença dos
indígenas noutros espaços, contribuindo para a disseminação da Identidade
Cultural, onde outrora era meramente um espaço reservado para os brancos
elitizados.
A
utilização dos equipamentos / recursos tecnológicos de alguma forma pode
contribuir, também para transformar os preconceitos da realidade social das
comunidades indígenas e diminuir os espaços entre as diferenças do Outro, ou
seja a relação do indígena com o não-índio. De acordo com Belloni (1998),
deve-se tomar cuidados na orientação quanto ao uso educativo das tecnologias,
pois o contato com elas infere uma visão local e global, assim os espaços,
existentes mantendo as comunidades indígenas distantes dos centros urbanos pode
se tornar um espaço pequeno, ou quem sabe até desaparecer.
Existem
inúmeras razões que levam os alunos, professores, comunidade em geral a
utilizar os equipamentos tecnológicos. Valente (1998), cita alguns motivos, por
exemplo: o modismo, o computador já faz parte da vida dos brasileiros, é um
incentivo nas atividades didática pedagógica, porém ele faz um alerta que é
preciso saber utilizar, pois ações não planejadas trarão pouco ou nenhum
benefício da vida intelectual do estudante. E se tratando de uma comunidade
indígena, a preocupação deve ser redobrada quanto ao uso didático e
paradidáticos dos equipamentos. Nessa foco, Almeida (2002), reforça que o uso
deve ser acompanhado sob uma reflexão crítica sobre como e porque utilizar tais
recursos, seja no ensino urbano, rural ou dentro de uma comunidade indígena.
Assim,
como a Identidade Cultural de uma comunidade indígena pode ser impactada
através dessa “parafernália” tecnológica? Ter um olhar histórico na comunicação
e antropológico na vida dessa comunidade, conhecer a relação entre Comunicação,
Cultura, Identidade, como os espaços dessas minorias étnicas estão sendo
contempladas dentro da grande teia mundial – a internet, essas estratégias
orquestradas pela Sociedade da Informação tem concebido visualização dentro do
território digital indígena ou como citou Valente, o uso é apenas por modismo.
São esses e outros pontos que esse trabalho pretende desenvolver.
De acordo com Silva
(2008 p.14) “espera-se que todos os indivíduos sejam devidamente preparados
para a compreensão e o manejo de todas as linguagens que servem para dinamizar
ou fazer circular a cultura”.
Segundo Galli (2010 p. 148) a internet tem se tornado um dos
meios de difusão de mensagens mais acessíveis e, desse modo, sua linguagem
também se propagou e se tornou globalizada.
ALMEIDA, M. E. Formação de Professores em Ambiente
Digital: uma experiência
interdisciplinar. Porto Alegre: UFRGS, 2002.
Disponível em
<http://seer.ufrgs.br/InfEducTeoriaPratica/article/view/8174>
Acesso em 10 fev. 2014.
BELLONI, M. L. . Tecnologia e Formação de
Professores: Rumo a uma Pedagogia Pós
Moderna. Educação
e Sociedade, Campinas, v. 65, n.65, p. 125-139, 1998.
GALLI, Fernanda Correa Silveira. Linguagem da Internet: um
meio de comunicação global. Hipertextos e gêneros textuais: novas formas de
construção de sentido. Luiz Antonio Marcushi, Antonio Carlos Xavier, (orgs.). 3
ed. São Paulo: Cortez, 2010.
VALENTE, J.A. Computadores e Conhecimento: repensando
a educação. 2. ed. Campinas: NIED/UNICAMP Gráfica central UNICAMP, 1998.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. (coord.) Leitura no mundo
virtual: alguns problemas. A leitura nos oceanos da internet. 2 ed. São
Paulo: Cortez, 2008.
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