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quarta-feira, 1 de junho de 2022

Proposta Pedagógica do Departamento Tecnologias e Informática Educacional DTIE

A imagem abaixo trata sobre o livro publicado com o título Proposta Pedagógica. O conteúdo se refere ao Departamento Tecnologias e Informática Educacional - DTIE da Secretaria Municipal de Educação de Parauapebas - PA.  

Desejamos uma boa leitura para todos. 

Para acessar a Proposta Pedagógica, basta clicar na imagem. 



segunda-feira, 23 de maio de 2022

PROVA ESCRITA DO PROCESSO SELETIVO DISCENTE DOUTORADO

O texto a seguir foi escrito por mim, Fábio Correia de Rezende, no processo seletivo para o doutorado em educação no Programa de Pós-Graduação em Educação  - UNISUL

Meu objetivo é compartilhá-lo e registrar mais um dos escritos que realizo. Ainda, muita coisa para aprender. 

Leia os excertos a seguir:

Excerto 1

[...] “A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos” [...]

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007 (Coleção primeiros passos; 20). 49ª reimp. da 1 ed. 1981.

Excerto 2

[...] “O que nos parece indiscutível é que, se pretendemos a libertação dos homens não podemos começar por aliená-los ou mantê-los alienados. A libertação autêntica, que é a humanização em processo, não é uma coisa que se deposita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mitificante. É práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo”. [...]

[...] “Críticos seremos, verdadeiros, se vivermos a plenitude da práxis. Isto é, se nossa ação involucra uma crítica reflexão que, organizando cada vez o pensar, nos leva a superar um conhecimento estritamente ingênuo da realidade. Este precisa alcançar um nível superior, com que os homens cheguem à razão da realidade. Mas isto exige um pensar constante, que não pode ser negado às massas populares, se o objetivo visado é a libertação”. [...]

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido 46ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

Excerto 3

[...] “O processo educativo é passagem da desigualdade à igualdade. Portanto, só é possível considerar o processo educativo em seu conjunto como democrático sob a condição de se distinguir a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade no ponto de chegada. Consequentemente, aqui também vale o aforismo: democracia é uma conquista; não algo dado”. [...]

SAVIANI, D. Escola e Democracia. Campinas: Autores Associados, 2008.

Excerto 4

[...] “A tarefa educativa fiel às circunstâncias mutáveis do contexto é situada. O homem, sendo um conjunto de relações sociais, torna-se sujeito-objeto da educação quando evidencia esse conjunto no exercício da prática social. A tarefa educativa voltada para a transformação não pode se abstrair dessas relações, nas quais existe, e nem pode renunciar às perspectivas da transformação presentes na realidade, como também não pode deixar de se solidarizar com os que lutam pela transformação das estruturas sociais”. [...]

CURY, C. R. J. Educação e contradição. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000.


Considerando os excertos acima, elabore um texto crítico reflexivo quecontemple as seguintes orientações:

Questão 01 (6 pontos):

Relacione os excertos acima, considerando os conceitos que seus autores aludem, analise, interprete e argumente, produzindo um texto único com os itens a seguir:

a) a Educação brasileira nos dias atuais;

b) a importância da Educação para a democracia;

c) a Educação como instrumento de justiça social.

Questão 02 (04 pontos): articule a sua temática de pesquisa com as contribuições que você pretende dar a este Programa de Pós-Graduação (PPGE).


        Pensar na/em Educação, destaca-se com E maiúsculo, é importante para refletir, analisar como Ela pode contribuir no processo de evolução sistemática, cultural, econômica, intelectual e informacional em favor de todos e para todos. Como aponta Carlos Cury, a educação é um direito na sociedade, as pessoas tem direito sociais e individuais, o acesso à educação é considerado um, e imprescindível para o desenvolvimento do Homem como ser social, pertencente a uma cultura em contexto glocal. Pois a partir do desenvolvimento, seja social, profissional, pessoal, o ser humano precisa/necessita do conhecimento que é adquirido, (des)construído por meio do processo educacional formal. Dessa forma, Carlos Cury nos chama para refletirmos sobre a educação como um direito atrelado à democracia, ou seja, a educação torna o homem cidadão, membro da sociedade.

    A educação como um resultado e sujeito concreto da democracia deve estar constantemente alinhando-se e proporcionando condições de igualdades para todos os cidadãos brasileiros. Porém, a partir do contexto histórico da educação brasileira, percebe-se que sempre houve e ainda há lacunas que causam desigualdades de acesso ao conhecimento formal, seja na educação básica ou superior. Paulo Freire, no livro Educação Bancária aborda sobre as lacunas existente na educação brasileira, quando discute sobre o pensamento ideológico do colonizador. Nesse contexto, Paulo Freire dialoga com Canclini e Home Bahbha, quando se reflete sobre a posição do colonizado e do colonizador, a imposição de ideias, conhecimentos, costumes, a cultura, especialmente a língua. Paulo Freire defende que a educação deve ser vista como democrática, por isso, cabe aos educadores, tentar mitigar algumas das lacunas existentes sobre as desigualdades de acesso à educação. Paulo Freire afirma, a educação deve ser problematizadora, libertadora, dialógica entre professor e aluno, o que ele chama de Educação Humana, onde a sociedade também deve estar sempre em policiamento ideológico.

        Na educação brasileira sempre existiu problemas vinculados ao acesso e o direto a democracia. Em relação aos dias atuais, devido a Covid-19, os problemas no cenário educacional mundial, aqui destaca-se, no cenário brasileiro, foram escancarados e perceptíveis de tal maneira, que fez professores, alunos e famílias enxergarem as mazelas e as desigualdades sociais, frente o acesso à educação. Cury afirma, é um dos direitos para o exercício da democracia, porém, negado em muitos contextos. Por exemplo, quase todas as escolas do Brasil, na tentativa de continuar o processo educacional, talvez nas maiorias delas, sendo o tradicional, diretores, coordenadores, professores começaram a ministrar aulas de modo remoto, online e/ou híbrido. Só então, alguns dos problemas relacionados à educação, como a falta de internet de qualidade, a ausência de equipamentos tecnológicos para ministrar aulas tornaram-se visíveis. Alunos e famílias sem condições de acesso a equipamentos tecnológicos, à internet, sem acesso aos recursos básicos de saúde, ainda temos os professores sem formação técnica/profissional para desenvolver práticas pedagógicas por meio das tecnologias digitais. Porém, apesar do cenário caótico nesse momento pandêmico, na educação brasileira, há exemplos memoráveis, onde professores, por meio da pedagogia crítica social dos conteúdos, conseguem atuar de forma prática e autentica, na tentativa da não reprodução do aparelho ideológico do estado, onde Demerval Saviani e Paulo Freire chama de educação dialógica que faz o professor refletir sobre a sua prática pedagógica, entende-se que a partir da reflexão, postura ativas são tomadas e postas em práticas. Nesse processo, John Dewey destaca a participação ativa dos alunos, provocada pelo professor ativo, para que seja concretizada ou não, a educação democrática.

    Assim, os autores citados, entre outros, por exemplo, Emília Ferreiro que trata sobre o construtivismo na alfabetização. Phillipe Perrenoud que discute as múltiplas competências e o papel social da gestão escolar democrática. Maria Montessori aborda a prática do aluno, frente ao planejamento do professor. Outros autores, como Seymour Papert, Armando Valente, Piaget, Carlos Libâneo discorrem sobre a importância do construtivismo e do construcionismo para as práticas pedagógicas da educação. O que esses autores tem em comum? Todas as pesquisas deles demonstram a importância da educação para a democracia. Pode-se analisar que educação e democracia são termos distintos, porém estão interligados. Como defendido por Carlos Cury que a educação é um dos direitos para a democracia. Frente ao processo democrático, problemas (in)visíveis na educação foram emergidos nesse momento de pandemia. Assim, para que a democracia se torne concreta é importante que os governos discutam e planejem políticas públicas voltadas para a mitigação das dificuldades de acesso a equipamentos tecnológicos, internet, infraestrutura de qualidade, professores capacitados entre outros contextos problemáticos. Entende-se que há problemas diversos na educação, porém não é papel do professor ficar alienado, estático. Como Paulo Freire chama a atenção, a educação é transformadora e libertadora. Portanto, pensar a importância da educação para todas as classes sociais é pensar diretamente na concretização da democracia. Consequentemente "democracia é uma conquista; não algo dado" (SAVIANI, 2008).

    Saviani afirma que a democracia é uma conquista, então a classe de professores e a educação generalizada pode obter a democracia? Pode-se afirmar que sim, porém o processo de conquista é árduo. É necessários lutas, pesquisas, estudos, mudanças de atitudes, de comportamentos. Deve-se abandonar a educação bancária e passar para a educação transformadora. Nesse sentido, a educação passa a ser uma arma de luta, como um instrumento de justiça social. Por exemplo, na Universidade Federal da Bahia, existe um grupo chamado Negros e Negras na Computação (NCC) que estudam, pesquisam e publicam sobre as vidas de negros e negras na área da computação, refletem sobre os preconceitos e dificuldades vivenciadas como profissionais distintos dessa área, por ser a maioria dos profissionais branco, elitizada e detentora das normas organizadas pelo colonizador, ou seja, perdura o pensamento ideológico do colonizador. Nesse contexto, pode-se compreender a educação como um instrumento de luta em favor da justiça social. Os membros do grupo NCC lutam, refletem e estão mudando as práticas e os contextos em que estão inseridos, mas a mudança não é em favor pessoal, e sim geral. É uma luta por oportunidades e igualdades que as chances sejam as mesmas, na educação, para qualquer pessoa e classe.

    Partindo da discussão acima sobre a educação brasileira nos dias atuais, a importância da educação para a democracia e instrumento de justiça social, acredita-se que há uma relação articulada com a proposta e temática de pesquisa construída no projeto e apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisul. No projeto, o objeto de estudo é o ensino híbrido nas escolas públicas brasileiras. O local da pesquisa é na cidade de Parauapebas PA, os sujeitos são os professores de língua portuguesa e matemáticas. Justifica-se esses sujeitos para o escopo da pesquisa, por ser as disciplinas utilizadas para a avaliação escolar externa, como a Prova Brasil e a ANA. Também, pretende-se compreender o processo de construção e percepção das práticas pedagógicas desses professores, frente ao ensino híbrido. O problema de pesquisa está relacionado ao processo de formação continuada de professores, ou seja, compreender como foi e ainda é, para os professores planejarem e desenvolverem suas práticas pedagógicas frente ao ensino híbrido com o uso de tecnologias na educação.

    Mediante o contexto pandêmico, os problemas existente na educação, também em Parauapebas, há professores sem competência e formação técnica para desenvolver aulas híbridas. Há escolas sem acesso a internet de qualidade, não há equipamentos como computadores para todos os alunos. Existem famílias que não tem condições de adquirir um aparelho celular para os filhos acompanhar o processo escolar na modalidade remota/híbrida. Mediante essa problematização existente em Parauapebas acredita-se que remota/híbrida. Mediante, essa problematização existente em Parauapebas, acredita se que a pesquisa é relevante no contexto social, porque poderá proporcionar dados e informações para a secretaria municipal de educação, para a prefeitura, para a câmara de vereadores elaborar e desenvolver políticas públicas para mitigar alguns problemas existentes na educação pública dessa cidade.

    Além disso, também compreende-se que a pesquisa poderá contribuir para o Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisul e para a comunidade científica com publicação da tese e artigos que poderão ser utilizados, estudados e analisados por outros programas de educação ou outras áreas, ampliando assim o quantitativo de pesquisas e mostrando possíveis gaps de pesquisa para futuros professores e alunos pesquisadores. Além disso, a tese poderá contribuir para a implantação do ensino de computação na educação básica, é uma discussão ativa dentro da Sociedade Brasileira de Computação, que recentemente, o Conselho Nacional de Educação enviou para homologação no congresso, as normas sobre o ensino de computação na educação básica, da qual será anexada ao BNCC.

Fábio Correia de Rezende



Análise da frase “jamais estupraria você, porque você não merece” de Jair Bolsonaro

Análise da frase “jamais estupraria você, porque você não merece” de Jair Bolsonaro, apresentada à disciplina Teorias da Linguagem para obtenção de nota parcial. Professora: Dra. Áustria Rodrigues Brito Aluno em Regime Especial: Fábio Correia de Rezende.


        O atual presidente da república brasileira, quando era deputado em 2014, em uma sessão da Câmara, no dia 9 de dezembro desse ano, afirmou que a deputada Maria do Rosário não “merecia” ser estuprada. E, no dia seguinte, enfatizou o que havia falado e ainda ampliou o seu discurso dizendo que não teria coragem de estuprar Maria do Rosário porque a considera uma mulher “muito feia” e não faz o tipo dele, ou seja, por não fazer o seu "gênero"1 .

        A partir da imagem acima, do discurso proferido pelo atual presidente da república, na época do ocorrido era deputado federal, este trabalho, em formato de fórum, objetiva  analisar o contexto, a pessoa e o discurso com base na teoria de Bakhtin e Benveniste. Contudo, deixo aqui registrada a minha indignação como ser humano, cidadão brasileiro, pai de filhos adotados, pertencente a uma família de mulheres, não compactuo com discursos ofensivos, machistas, não desejo perpetuar a cultura do estupro. Acredito que podemos enfrentar discursos nesse contexto, para contribuirmos no combate ao preconceito.

        As pessoas são dotadas de capacidades que são desenvolvidas ao longo de suas trajetórias em contextos diversos, como por exemplo, escolar, religioso, político, social. Mediante, após o discurso proferido por Jair Bolsonaro sobre o ato do estupro, reportando-se a Maria do Rosário, nos faz refletir a cerca das capacidades desenvolvidas pelo atual presidente durante a sua trajetória de vida pessoal, intelectual, familiar e religiosa. Pois, de acordo com Benveniste (2005), por meio da linguagem e no uso dela que o homem se desenvolve como sujeito. Então, quais foram as linguagens desenvolvidas e apreendidas por Jair Bolsonaro para se constituir no atual sujeito e utilizar-se da sua subjetividade para proferir discursos machistas? Benveniste (2005) complementa que o ponto central da subjetividade está na utilização da língua no dia a dia. Nesse sentido, Sepulveda (2019) destaca sobre a fala machista discursada por Jair.

        "O machismo é o comportamento, expresso por opiniões e atitudes, de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros sexuais, favorecendo e enaltecendo o sexo masculino sobre o feminino. Portanto, o machista é o indivíduo que exerce o machismo. Em um pensamento machista existe um sistema hierárquico de gêneros, onde o masculino está sempre em posição superior ao feminino. Ou seja, o machismo é a ideia errônea de que os homens são "superiores" às mulheres" (SEPULVEDA, SEPULVEDA, p. 63, 2019).

        Portanto, entende-se que o discurso proferido por Jair Bolsonaro está intrinsecamente ligado ao sistema hierárquico de gênero, ou seja, a subjetividade dele fora construída em um contexto repleto de opiniões, discursos e valores machistas, dos quais a repetição se faz presente nos atos dele, reforçando, assim a cultura de que a mulher é inferior e deve ser vista como um objeto de prazer para o homem. Porém, isso não significa que ele é reflexo “negativo” dos sistemas sociais. 

        Mediante o discurso analisado, para Bakhtin (1997) todo discurso é um ato político e ideológico, onde há ocorrência de vozes ressoadas. Segundo Araújo (2017), o campo da política é uma instância de propagação de diversos discursos e vozes que se conectam em algum nível, maior ou menor, nas relações sociais. Nesse sentido, infere-se que o discurso realizado por Jair Bolsonaro contra a deputada, além do viés político partidário, há o viés ideológico construído por meio das diversas vozes das quais contribuíram para o processo de desenvolvimento da subjetividade linguística desse ser.

        A linguagem, “cuja realidade fundamental é a interação discursiva, é uma atividade que, justamente por só existir em relação ao outro, objetiva -se na realidade concreta compartilhada entre o eu e o outro” (VIANA, p. 23, 2019). Nesse sentido, indaga-se, o que Maria do Rosário tem ou teve que houve, por parte de Jair Bolsonaro a necessidade da interação discursiva machista? Na teoria bakhtiniana, os discursos são representações individuais do pensamento, portanto, compreende-se que o discurso proferido por Jair é uma representação individual, porém não é neutra, porque entende-se que há muitos outros discursos sendo proferidos de forma machista como o de Jair, contudo, uma diferença destacada é a posição social e política exercida pelo falante, ou seja, o nível de poder é maior comparado a um cidadão comum. Pereira e Rodrigues (2010) explicam que “Bakhtin afirma que não há enunciados isolados, à medida que todo e qualquer enunciado pressupõe enunciados que o antecederam (os enunciados já-ditos) e aqueles que se sucederão no tempo e no espaço (enunciados pré-figurados) (PEREIRA, RODRIGUES, p. 149, 2010). E, é por isso, que esse e outros discursos do atual presidente continuam no campo do preconceito.

        Portanto, para concretizar minha participação nesse fórum, um ponto específico que abordou-se mediante a frase proferida por Jair Bolsonaro (imagem acima), de acordo com Pereira e Rodrigues (2010) foi a análise dos discursos da teoria bakhtiniana, requer estudar os modos da língua e como ocorrem situações de comunicação verbal por meio das realidades sociais.Verificar os enunciados e as diferenças entre eles, buscando elos de ligação e elementos constituintes. E, examinar o uso da língua a partir de interpretações e usos habituais. Tudo isso, “no conjunto da sua concepção social e dialógica da linguagem e do sujeito” (RODRIGUES, p.418, 2004).



1 Fonte: https://abridordelatas.com.br/jamais-estupraria-voce-porque-voce-nao-merece/

Fonte da imagem: https://abridordelatas.com.br/wp-content/uploads/2018/08/campanha-abridor-de-latas-frases-que-ainda-ouvimos-por-ai-frase-23-bolsonaro.jpg 


REFERÊNCIAS

ARAÚJO, L. B. Análise das projeções do Ethos discursivo do deputado Jair Bolsonaro no Twitter. 2017.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso ‖. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BENVENISTE, É. Problemas de linguística Geral I: tradução de Maria da Glória Novak e Maria Luisa Neri: revisão do prof. Isaac Nicolau Salum, v. 5, 2005.

PEREIRA, R. A.; RODRIGUES, R. H. Os gêneros do discurso sob perspectiva da Análise Dialógica de Discurso do Círculo de Bakhtin. Letras, n. 40, p. 147-162, 2010.

RODRIGUES, Rosângela Hammes. Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana: algumas questões teóricas e metodológicas. Linguagem em (Dis) curso, v. 4, n. 2, p. 415, 2004.

SEPULVEDA, D.; SEPULVEDA, J. A. Trabalhando questões de gêneros: Criando e recriando currículos para a valorização do feminino. Periferia, v. 11, n. 4, p. 58-80, 2019.

VIANNA, R. A linguagem pela perspectiva do Círculo de Bakhtin. Revista Odisseia, v. 4, n. 1, p. 19-33, 2019.





Análise da obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus - Arte de Thiago Lucas - Por Fábio Correia de Rezende

Análise da obra Quarto de Despejo apresentada à disciplina Teorias da Linguagem no Programa de Pós-Graduação em Letras - UNIFESSPA

Professora: Dra. Áustria Rodrigues Brito 

Aluno em Regime Especial: Fábio Correia de Rezende


"O livro... me fascina. Eu fui criada no mundo. Sem orientação materna. Mas os livros guiou os meus pensamentos. Evitando os abismos que encontramos na vida. Bendita as horas que passei lendo. Cheguei a conclusão que é o pobre quem deve ler. Porque o livro, é a bussola que ha de orientar o homem no porvir (...)" - Carolina Maria de Jesus, em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996, p. 167.



            A obra Quarto de Despejo da autora Carolina Maria de Jesus foi publicada em 19601. Ela escreveu essa obra em forma de diário, ou seja, tentativas de concretizar a sua subjetividade, desejos, angústias, medo e porque não dizer também, a “raiva” que sentia todos os dias pela luta incansável na busca de comida para ao menos saciar “um pouco” da fome, se isso é possível. O cenário em que vivia era a favela do Canindé em São Paulo, juntamente com seus três filhos. Apesar de todas as dificuldades, Carolina Maria, por meio da catação de lixo, tentava a cada dia sobreviver com sua família, comendo o que encontrava nos dejetos jogados e dispostos não somente para ele, e sim, para todos que ali viviam na favela. Em meio a esse cenário, Carolina Maria, com pouco estudo, não detentora do conhecimento acadêmico e da escrita formal, ela foi alfabetizada e letrada por apenas dois anos de sua vida, o suficiente para ler e escrever, cujo resultado de dias, noites em meio a fome e esperança por dias melhores, ela escrevia no seu diário, após alguns anos, publicado como o título O Quarto de Despejo, posteriormente, outras obras foram escritas por ela.

        Aqui, neste texto, oriundo da atividade da disciplina citada na capa, por se tratar de um fórum, peço licença para externalizar as minhas emoções e sensações ao me deparar com as informações sobre a autora Carolina Maria de Jesus e a obra Quarto de Despejos. Parece que eu estou aprendendo, a partir das leituras que fiz em Hall, Canclini, Bhabha sobre estudos culturais, a me colocar no lugar do outro. Eu consegui ver, sentir a dor de Carolina, senti as dores que ela e os filhos passaram. Senti frio na barriga quando li sobre a vida dessa autora. As informações dos textos me trazem oportunidades para eu crescer, amadurecer, evoluir como ser humano, como pessoa cidadã em uma sociedade (des)organizada. Confesso que tive medo e receio de tentar escrever este texto porque as sensações que senti, me causaram uma tristeza profunda, descontentamento, mas não escrever, seria uma omissão da minha participação em contribuir e ajudar a quebrar os círculos viciosos existentes na nossa sociedade, onde mulheres negras, como Carolina, mãe, pouco alfabetizada, solteira, estigmatizada pela carga identitária, sofredora pelos racismos e preconceitos, moradora em favela, apesar desse cenário, detentora de uma consciência sócio-política, escritora, poeta e sobretudo humana.

        Quarto de despejo, acredito que pode nos mostrar possibilidades para a (des)construção da nossa identidade em meio a centralidade da cultura, ressaltada por Hall (1997, 2006) na obra A centralidade da cultura e A identidade cultural na pós-modernidade. Hall enfatiza sobre o entendimento que conseguimos desenvolver sobre o conteúdo dos discursos. Os conteúdos produzidos possuem uma gama de redes de significações, aqui me faz pensar no rizoma, talvez compreender com redes de significações rizomáticas, justifico essa compreensão com base em Fernandez (2008) que analisou a obra e observou a manifestação de uma forte presença rizomática no discurso produzido por Carolina quando a autora tentava, por meio da escrita, “simplista” nos seus registros diários retratar a sua realidade. Mediante, o sujeito toma e poderá se apropriar dos discursos, no qual gerará o auto-reconhecimento. Assim, conseguimos perceber essa apropriação do discurso na obra aqui analisada.

        Além de Hall, podemos tentar analisar a obra de Carolina com base em Bakhtin a partir da expressão da individualidade. Por mais que tentemos analisar a individualidade de Carolina de Jesus, por meio da obra, infere-se que a coletividade está presente, comprovados nos relatos escritos nos seus diários, quando, em algum momento, ajuda e contribui com os vizinhos com um pouco de comida. Tal ação demonstra a solidariedade, fator às vezes forte e predominante em determinados grupos de pessoas. Além disso, de acordo com Sylvestre (2022) Carolina usa a sua principal arma, a escrita, a língua, em sua defesa e na luta pela tentativa de mudança da realidade hostil.

        O uso da escrita e da língua reflete a nossa subjetividade. Assim, é possível compreender a subjetividade de Carolina de Jesus por meio dos seus relatos através da escrita nos seus diários. Para Benveniste (2005), a subjetividade da linguagem se concretiza quando o homem toma a potencialidade da língua para si e a usa como instrumento de defesa dos seus interesses e dos outros, também, intervindo de algum modo em sua realidade, seja local, regional ou global. Assim, essa potencialização da subjetividade no/do discurso vemos na obra de Carolina de Jesus, quando ela toma para si, por meio do diário, e se materializa no eu comunicativo, mediante, com os desejos e forças para lutar e sair da condição de catadora de lixo, da qual fazia parte da realidade dela. De acordo com Constâncio e Paschoal (2018, p.13) "a linguagem deixa de ser um instrumento de comunicação e passa a ser um ato de discurso", manifestado nas obras de Carolina de Jesus.

        Para finalizar, podemos inferir na obra de Carolina as possibilidades de compreendê-la por meio dos viés dos estudos culturais com base nos autores como Hall, Benveniste e Bakhtin. A partir de Hall podemos nos concentrar nos estudos de construção da identidade. Benveniste, podemos perceber e compreender a partir da subjetividade da linguagem e em Bakhtin, como ele mesmo explica “A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua". (BAKHTIN, 1997, p.282).


1 Fonte: http://www.elfikurten.com.br/2014/05/carolina-maria-de-jesus.html

Fonte da imagem: https://imagens.ne10.uol.com.br/veiculos/_midias/jpg/2021/04/06/597x330/1_carolinaabre-17316243.jpg 



REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso‖. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BENVENISTE, É. Problemas de linguística Geral I: tradução de Maria da Glória Novak e Maria Luisa Neri: revisão do prof. Isaac Nicolau Salum, v. 5, 2005.

CONSTANCIO. F. A.; PASCHOAL. P. C. G. Escrita de Si e Enunciação. CADERNOS DO CNLF (CIFEFIL), v. XXII, p. 469-481, 2018. Disponível em: http://www.filologia.org.br/xxii_cnlf/completo/escrita_de_si_FELIPE.pdf. Acesso em: maio 2022.

FERNANDEZ, R. A. Percursos de uma poética de resíduos na obra de Carolina Maria de Jesus. Itinerários: Revista de Literatura, 2008.

HALL, S. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação & realidade, v. 22, n. 2, 1997.

HALL, S.. A identidade na pós-modernidade. Rio de janeiro: DP&A, v. 4, 2006.

SYLVESTRE , D. R. P. . RELENDO O QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA

FAVELADA PELA TEORIA BAKHTINIANA. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 12, p. 1706–1714, 2022. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/3632. Acesso em: 13 maio. 2022


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Conheça-te




CONHEÇA-TE



Nem eu mesmo sei,
Nem eu mesmo conheço-me,
Para quê?
Para sonhar, devanear, pensar?
Chorar, sorrir, sofrer, comer e beber?
Talvez, não conhecer-se, já se conhece.
(Des)Construção...sou assim.

Fábio Correia de Rezende

quarta-feira, 24 de julho de 2019

UMA VIVÊNCIA DE GESTÃO ESCOLAR ATIVA E EFETIVA NA AMAZÔNIA NO PROCESSO DE DINAMIZAÇÃO DO ENSINO E APRENDIZAGEM

Resumo

A escola pública deve ser um espaço democrático social, para desenvolver o papel social, de maneira que possibilite aos envolvidos na comunidade escolar, participarem de maneira crítica na tomada de decisões pertinentes ao contexto educacional. Nos últimos anos, tem-se discutido muito o novo papel da gestão escolar democrática como instrumento para inserção de movimentos de transformação na atuação dos professores, alunos, pais e comunidade escolar, para isso, o gestor deve buscar subsídios teóricos sobre os espirais da democracia e da participação popular. Em vista do exposto, este artigo apresenta reflexões sobre os desafios na construção de uma gestão escolar democrática e participativa, no contexto de uma escola pública amazonense, sob a ótica de um gestor que luta em desenvolver uma gestão participativa no âmbito educacional. O artigo ressalta a importância do trabalho coletivo da comunidade escolar para a melhoria educacional das escolas da região amazônica. Dessa forma, conclui-se que a gestão democrática e participativa, somente será ativa e efetiva, se a comunidade escolar estiver inserida nas atividades, decisões e avaliações constitucionais, considerando e valorizando as ações positivas revendo o que pode ser readequado.

Palavras-chave: Cidadania; Educação; Escola; Gestão Democrática.