SILVA,
Marisa Corrêa. Crítica Sociológica.
BONNICI, Thomas. ZOLIN, Lúcia Osana. (Orgs.). Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas.
3. ed. rev. e ampl. Maringá: Eduem, 2009.
No
texto A Crítica Sociológica de Marisa
Corrêa Silva, tem como foco central analisar o papel da Sociologia, enquanto
ciência, nos moldes do campo da literatura, especificamente na literatura
feminina/feminista. A autora reforça suas ideias com a teoria de Lukács (1963)
a literatura e o desenvolvimento do capitalismo, Bakhtin (1985 – 1975), expondo
os seguintes conceitos: dialogismo, carnavalização e cronótopo. E Antonio
Candido (1985) enfatizando os problemas que a crítica sociológica apresenta.
A
crítica sociológica tenta ver, buscar o fenômeno da literatura como parte de
algo maior, um contexto mais amplo, por exemplo: uma sociedade, uma cultura. Ou
seja, não analisa isoladamente fatos, datas. Sua premissa é um conjunto, a
contextualização, buscando assim, fontes concretas para as análises serem as
mais autênticas e objetivas possíveis.
Silva
(2009 p. 178). “a crítica sociológica, procura ver o fenômeno da literatura
como uma sociedade, uma cultura”. A literatura não é um fenômeno independente e
a obra é criada num contexto e perceber através da obra literária, a
estruturação da sociedade, valores, regras, cultura, etc.
Nessa
perspectiva, a autora faz uma divisão entre os seguintes termos: crítica
biográfica: focaliza a vida do autor. Crítica sociológica: focaliza uma visão
ampla na qual faz parte da vida do autor. Ou seja, o autor, obra, época,
contexto cultural, econômico, social é importante para se realizar uma crítica
tanto dentro da literatura quando no campo da sociologia. Para Taine (2009. p. 178),
“a obra de um autor é um reflexo da vida e do momento, as condições sociais”.
Lukács
(1963), na sua teoria uma visão focada no marxismo, lutas de classe, amplamente
confrontando as formas literárias em oposição ao capitalismo. Para ele a
literatura não reflete a realidade social. O texto reflete o social. A degradação
dos valores causados pelo capitalismo está na literatura.
Bakhtin
(1985 – 1975) por sua competência e vasta pesquisa no campo da linguística, tem
suas análises voltadas para o contexto em que as obras são escritas e a que
tipo de linguagem, significados, sentidos essa obra expõe. Assim, a autora usa
o termo Dialogismo para teorizar o
texto. Podemos entender o Dialogismo como o foco de quem fala ou escreve leva
em conta a presença de alguém, mesmo que esse alguém seja invisível. Assim entendemos
que essa relação dialógica ocorre entre o autor, o leitor e os personagens.
Esses
personagens, muitas vezes sem voz, calados pelo silencia do falocentrismo, ou
condicionados a falarem somente aquilo que o mundo masculino determina, pois
essas vozes, muitas vezes, estão ligadas as ideias de valores sociais,
condicionada ao contexto social, cultural e econômico.
Outro
conceito de Bakhtin e a Carnavalização
que é uma inversão de valores na vida cotidiana, uma libertação coletiva e a ridicularizarão
do poder. A ordem não é natural e nem absoluta. O foco é a sátira e a crítica. Na
literatura a Carnavalização é chamada “Mundo às avessas”.
Outro
ponto importante na teoria bakhtiniana é o conceito de Cronótopo, ou seja, é a conectividade das relações de espaço e
tempo que são expressas na literatura. A autora do texto utiliza esse conceito
para expressar com a crítica sociológica deve ficar atenta aos conceitos de
tempo e espaço. Observar onde, como e quando a literatura ocorreu, e seus
determinados autores e suas influências.
Para
concluir, a Silva, traz as contribuições de Antonio Candido, expondo de forma
objetiva a diferença entre crítica sociológica e literária. A primeira é o
elemento social da estrutura do texto. A segunda é o elemento social, estético
e objetivo do texto.
Portanto,
o texto da Marisa Silva, nos oferece oportunidades para refletirmos sobre a
Sociologia, enquanto ciência e a Literatura como arte. Assim, fusão das duas
ciências é útil para os pesquisadores e autores se utilizarem de diversos
artifícios para a construção de obras e teorias.